A roda “quebrada” no caldeirão Gundestrup.

A imagem abaixo é a Placa Interior C do Caldeirão Gundestrup. Enquanto os animais fantásticos andando para a esquerda e para a direita parecem possivelmente ornamentais, as figuras principais são a figura barbuda segurando um lado da roda, a figura com capacete com chifres segurando o outro lado da roda e a cobra com cabeça de carneiro abaixo deles. A roda também é comumente descrita como quebrada.

A figura barbuda segurando a roda é frequentemente identificada com Taranis, que é retratado na iconografia segurando uma roda e também o raio. Eu também vi a figura com capacete às vezes identificada como Cernunnos por causa do capacete com chifres e da cobra com cabeça de carneiro.

Porém, o que eu gostaria de explorar é a roda “quebrada” e a possibilidade de ela não estar quebrada.

A postura dos braços erguidos de Taranis impede retratar a roda inteira. O aro da roda une sua mão e corpo, dando a impressão de continuar atrás dele em vez de ser quebrado. Oito raios também são visíveis, um número comum de raios retratados com Taranis na iconografia. Talvez, para retratar uma roda de oito raios, o artista tivesse que representar a roda tal como aparece no Caldeirão Gundestrup devido à postura de Taranis – aparecendo como uma roda “quebrada” quando se pretendia uma roda completa de oito raios.

A figura com capacete com chifres parece estar recebendo o volante de Taranis, em vez de lutar com ele ou tentar tirá-lo, já que ele tem uma mão enrolada no volante enquanto a outra o apoia. O tamanho da figura também sugere que ele é um humano, talvez um ancestral homônimo ou herói cultural. O capacete com chifres também parece indicar que a figura é um guerreiro.

Curiosamente, a serpente com cabeça de carneiro também está olhando para a figura com capacete e chifres. Está se afastando da figura? Fugindo da figura? Ou talvez orientando-o?

Independentemente do que a cena representa, na minha opinião, a roda não está “quebrada”, mas pretende representar uma roda de oito raios, sendo o seu aparecimento nesta cena ditado pela pose da figura de Taranis.