A história do Egito propriamente dito tem como marco inicial a consolidação dos reinos do Alto e do Baixo Egitos e a ascensão ao poder da I Dinastia de faraós, por volta de 3000 a.C., com capital em Mênfis.
Quando as águas recuavam após as cheias anuais, que chegavam ao Vale do Nilo — uma fenda de 800 km que corta o Saara da Primeira Catarata aos pântanos do Delta do rio, conhecida como Alto Egito — pouco depois do solstício de verão (no hemisfério norte, 21 de junho), tinham início os trabalhos de irrigação e plantio. O sistema criou vínculos comunais ao longo de todo o rio, e com o tempo grupos de aldeias rurais foram se organizando em províncias conhecidas como “nomos”, governadas pelos “nomarcas”. Com poucas barreiras geográficas e políticas a superar, os nomos do Alto Egito não tardaram a se unificar sob um mesmo governante, num processo iniciado por volta de 3500 a.C. e encerrado em um ou dois séculos.
Já nas terras alagadas do delta, chamado de Baixo Egito, onde a maioria das aldeias permanecia isolada durante todo o ano, as condições de vida eram mais adversas. A tradição egípcia atribui a um primeiro soberano divinizado, Menés, a unificação do reino e a fundação do Estado — proezas que provavelmente representam realizações de vários governantes entre 3200 e 3000 a.C.. Para celebrar seu triunfo, Menés teria erguido sua capital, Mênfis, numa área protegida das cheias do Nilo e próxima ao ponto onde se origina o delta. Foi na Mênfis “das brancas muralhas” que se celebrou, pela primeira vez, a cerimônia da coroação; lá, por mais de três milênios, os faraós seriam coroados, num ritual cujo ápice seria uma reprodução dos procedimentos inaugurados por Menés. “Não era uma comemoração dos feitos de Menés, mas a renovação da fonte criadora presente no acontecimento original”, salienta Eliade [1, p. 93, grifo do autor]
Mapa do Antigo Egito, com algumas das principais cidades e referências geográficas |
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